Não, eu não vou falar-vos do grupo feminino sul-coreano Red Velvet, formado pela S.M. Entertainment em 2014, que é atualmente composto por cinco integrantes: Irene, Seulgi, Wendy, Joy e Yeri.
E também não vou falar-vos da história do Capuchinho Vermelho, que é um conto de fadas clássico, de origem europeia do século XIV, tendo sido publicada pela primeira vez pelo francês Charles Perrault, e depois pelos Irmãos Grimm na versão mais conhecida.
Mas poderá ter a ver com o chamado Bolo do Diabo – Devil’s Food Cake –, que é um bolo de camadas húmido, areado e rico em chocolate, ou seja, o que é considerado completamente oposto ao claro Bolo dos Anjos – Angel’s Food Cake –, sendo este uma variedade de bolo originalmente da América do Norte que começou a ficar popular nos Estados Unidos no final do século XIX.
No que diz respeito à sua fama, posso aqui chamar à atenção para The Little Rascals Save the Day (ou Os Batutinhas: Uma Nova Aventura), que é um filme de comédia diretamente em vídeo de 2014, lançado pela Universal Pictures, o segundo filme cinematográfico sucedendo o principal de 1994 e uma adaptação de Hal Roach’s Our Gang, uma série de curtas-metragens dos anos 20, 30 e 40 (muitos dos quais foram transmitidos na televisão como The Little Rascals) que se centrou nas aventuras de um grupo de crianças de um bairro, em que:
Mas o real aumento da popularidade desse mesmo Bolo de Veludo Vermelho – Red Velvet Cake – é parcialmente atribuído, em 1989, ao filme Steel Magnolias – Flores de Aço –, relatando a história de seis mulheres muito diferentes entre si, mas ligadas pela amizade e pela lealdade, ao longo de vários períodos das suas vidas, numa pequena cidade da Louisiana, em que o bolo de casamento que aparece era desse tipo, sendo ele uma tradição da parte sulista dos Estados Unidos e moldado no formato de um tatu.
O bolo veludo vermelho é, portanto, um bolo bastante popular, com uma coloração vermelha ou marrom-avermelhada, sendo usualmente preparado como um bolo de camadas, coberto com creme de baunilha ou, mais comum, butter cream.
Os ingredientes mais comuns são: leitelho, manteiga, farinha, cacau em pó e beterraba ou corante vermelho. E enquanto que a quantidade de cacau varia entre as receitas, a cobertura de cream cheese é a tradicional, assim como a de glacê.
Na maioria dos bolos deste tipo, hoje em dia, utiliza-se corante, mas a própria reação entre o vinagre e o leitelho tende a realçar essas mesmas antocianinas presentes no chocolate. Porém, quando o chocolate mais básico era largamente vendido, a coloração vermelha era mais pronunciada e esta tintura natural pode ter sido responsável pela origem da denominação “veludo vermelho”.
Quando a comida fora racionada durante a Segunda Guerra Mundial, pasteleiros começaram a utilizar beterrabas fervidas para melhorar a cor de seus bolos. A beterraba ainda pode ser encontrada em algumas receitas, tanto pela coloração, quanto pelo fato de reter humidade.
Por outro lado, também temos que uma das receitas mais populares e tradicionais dos Estados Unidos, pode ter a sua história toda baseada num corante, por sua vez divulgado através de uma receita de bolo na década de 40, por John Adams, a fim de aumentar as vendas de sua empresa de corantes e essências.
Mas, para se entender um pouco melhor de como é que essa mesma fama se foi construindo ao longo dos tempos, é necessário tentar ir ao encontro também da sua receita original, ou seja, do seu nome de “bolo aveludado“, uma vez que já foi modificado uma série de vezes, e portanto, o termo “velvet” é o que realmente importa decifrar!
A primeira publicação canadense em agosto de 1871, na revista The New Dominion Monthly, e posteriormente na revista americana Ballou´s Monthly Magazine, em novembro do mesmo ano, revela uma receita de Velvet Cake (sem o termo red) que corresponde a um bolo amanteigado (sem chocolate) saborizado com extrato de limão e, conforme a publicação, “muito melhor que um pound cake”.
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Ballou´s Magazine, 1871 e Buckeye Cookery and Practical Housekeeping, 1877 |
Em Buckeye Cookery, de Estelle Woods Wilcox (Minneapolis, 1877), uma receita de bolo “melancia” indicava o uso de “açúcar vermelho”. Também no início da década de 1870, uma empresa de Chicago, a Price Baking Powder lançava um corante para uso doméstico, o “Dr. Price´s Fruit Coloring”. A partir desse período, tingir comida se tornava mais fácil e comum e, ao contrário do bolo Red Velvet, as receitas do século 20 apenas sugeriam algumas gotas de corante para acentuar a coloração dos bolos de chocolate.
E o primeiro registo de um bolo que utilizaria uma quantidade mais generosa de corante é do Waldorf Red Cake, em 1959. Até esse ano, o hotel, localizado em Nova Iorque, nunca havia servido red velvet cake ou qualquer outro tipo de bolo similar. Por isso, alguns acreditam que a história criada em torno do hotel e do bolo não é nada mais do que uma lenda urbana:
Na década de 40, a empresa do Sr. Adams adicionou corante a uma receita de bolo e imprimiu folhetos que eram distribuídos juntamente com suas essências de baunilha e manteiga (que era muito popular durante a Segunda Guerra Mundial quando houve racionamento de manteiga). Armados com corantes e uma receita de supermercado, o bolo (e o corante do Sr. Adams) se espalhou por além das fronteiras texanas, ganhou fama e novas receitas apareciam em concursos culinários organizados por diversas empresas para promover mais e mais seus produtos. Inclusivé o Pillsbury Bake-off realizado no Waldorf, na década de 50.
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Imagem à esquerda: Folheto da Adams Extract com a receita de Red Velvet Cake
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O primeiro registo que nomeava o bolo como Red Velvet Cake é de 1960. Nesse ano a rede de supermercados de Seattle, a Foodland, anunciava a venda do Waldorf Red Velvet Cake até que na edição de 16 de junho de 1960, a revista Denton Record Chronicle anunciava a receita do Red Velvet Cake.
Em 1996, com a abertura da Magnolia Bakery, o bolo então ganhou fama e conquistou de vez os americanos, tornando-se o bolo mais vendido e até transformado em cupcake. Assim, novas versões foram surgindo a fim de tornar a coloração mais natural para alérgicos e especialmente pessoas que buscam uma alimentação livre de corantes. Os mais tradicionalistas afirmam que o sabor do red velvet é totalmente influenciado pelo corante utilizado.
A entrada do recheio feito com cream cheese é que é ainda um mistério! Arquivistas da Kraft Foods (que engloba a marca de cream cheese Philadelphia) afirmam que a primeira receita de recheio feito com cream cheese consta num livro corporativo na década de 40, apesar desta informação nunca ter sido comprovada.

- 100ml de leite aquecido
- 45g de manteiga
- 20g de chocolate em pó peneirado
- 30g de corante vermelho em gel
- 4 ovos
- 270 g de açúcar
- 1⁄2 colher de chá de vinagre branco
- 210g de farinha de trigo peneirada
- 1⁄2 colher de sopa de fermento em pó peneirado
- 350g de cream cheese amolecido
- 150g de manteiga amolecida
- 500g de açúcar de confeiteiro peneirado
- 1⁄2 colher de café de essência de baunilha
- 12 g de gelatina em pó sem sabor hidratada e dissolvida em 4 colheres de sopa de água
- Frutas vermelhas a gosto

- Colocar numa panela: o leite aquecido, a manteiga e o chocolate em pó peneirado; levando ao fogo médio até derreter a manteiga.
- Desligar o lume, adicionar o corante vermelho em gel, misturar bem e reservar.
- Numa batedeira, colocar os ovos e bater bem até dobrar de volume.
- Adicionar o açúcar, o vinagre branco e bater por mais 3 minutos.
- Desligar a batedeira, acrescentando, aos poucos e a farinha de trigo com o fermento em pó, tudo peneirado, misturando delicadamente.
- Juntar, em fio, o creme com corante reservado acima, misturando delicadamente até incorporar.
- Despejar a massa numa forma (24 cm de diâmetro) forrada no fundo com papel-manteiga, levando ao em forno préaquecido a 180°C por cerca de 35 minutos.
- Retirar do forno e reservar.
- Na batedeira, colocar o cream cheese amolecido e a manteiga amolecida, batendo em velocidade alta até ficar cremoso.
- Juntar o açúcar de confeiteiro peneirado e a essência de baunilha, batendo rapidamente até misturar bem.
- Com a batedeira ainda ligada, adicionar, em fio, a tal gelatina em pó sem sabor hidratada e dissolvida em água.
- Desligar a batedeira e reservar a mistura no frigorífico.
- Retirar o recheio do frigorífico e separar 1 xícara de chá para a cobertura, devendo o resto ser ainda dividido em 2 partes iguais e reservar.
- Cortar o bolo em 3 discos no sentido da largura.
- Colocar um disco no centro de um prato, que com o auxílio de uma espátula ou de um saco de pasteleiro, deve cobrir-se totalmente este disco de massa com uma camada de recheio.
- Colocar outro disco de massa sobre o recheio e, novamente, cobrir totalmente este outro disco de massa com outra camada de recheio.
- Cobrir, com o último disco de massa, e decorar o bolo com aquela outra parte de recheio reservada inicialmente.
- Decorar a gosto com frutas vermelhas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo_Devil%27s_food,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bolo_veludo_vermelho,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Capuchinho_Vermelho,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Red_Velvet,
https://www.cheesecake.com/Blog/post/history-of-red-velvet-cake.aspx,
https://mogumogumunch.wordpress.com/2015/03/19/red-velvet-cake/,
https://pt.wikipedia.org/wiki/Flores_de_A%C3%A7o,
https://escoladebolo.com.br/red-velvet-original/,
http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/red-velvet-b557b2ab-4ad2-4382-9311-d2462b760c38.html,
https://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Patrick%27s_Day,
http://www.essenciastudio.com.br/escola-de-confeitaria/a-quase-verdade-por-tras-do-bolo-red-velvet-2/,
https://en.wikipedia.org/wiki/Waldorf_Astoria_New_York,
https://en.wikipedia.org/wiki/Magnolia_Bakery)