Foi no verão passado que, mais uma vez, tive a bela oportunidade de passar por Vila de Rei, aquela vila portuguesa que, pertencendo ao distrito de Castelo Branco, fica geometricamente situada no centro geodésico do nosso país!

E se ainda não leram os meus textos inseridos neste blog, a ver com esta simpatiquíssima região do Centro e sub-região do Médio Tejo, com cerca de 2 497 habitantes, basta clicar aqui, ali e acolá!

Já agora, quem é que não se recorda daqueles terríveis incêndios que assolam sempre vastas zonas florestais em Portugal, mas também zonas de habitação?

Fogo de Vila de Rei com 60% da área dominada, mas ainda preocupa” – notícia que pode ser lida na íntegra aqui, demonstrando ser apenas mais uma daquelas autênticas catástrofes, desta vez ocorrida em julho de 2019, não só pela elevada frequência com que costumam acontecer ou dimensões alcançadas, mas sobretudo pelos próprios efeitos destruidores que podem vir a causar, até para as populações e bens, não concordam?

Pois bem, e perguntam vocês agora: mas o que é que toda esta introdução tem afinal a ver com a receita, que mais abaixo terão a deliciosa oportunidade de ler, para mais tarde adoçarem, quem sabe, o inquebrável coração de alguém?!

E não se esqueçam que, para terem aquele exato sabor de que estão à espera logo no primeiro gole de licor de abrunhos, por acaso sabiam que o «preparado» precisa de estar guardado em local seco e escuro por 3 meses no mínimo? Atenção que, no meu caso, essa mesma garrafa acabou por ficar assim durante 4 meses, tendo sido depois como que uma explosão de sabores, entre a acidez do abrunho, o forte aroma do cravinho, o doce do açúcar e o acentuado sabor a anis, logo aquando a primeira prova…

Em primeiro lugar:

O abrunho (endrina em espanhol) é uma fruta pequena, de casca fina e algo resistente, coberta por uma espécie de pó azulado, e formato ovalado. Tem a polpa verde e muito doce quando maduro, mas com um toque azedo como as frutas cítricas. O tamanho do fruto pode variar um pouco, dependendo do solo onde cresce a planta. Solos mais ricos dão frutos maiores e mais doces, solos mais pobres dão frutos menores e mais ácidos. O Abrunheiro (Prunus spinosa) é um arbusto que pode chegar a 4 metros de altura. É uma espécie silvestre e pode ser encontrada em toda a Europa, Ásia e norte da África.

É rico em vitamina C, e tem baixas calorias. Funciona como um excelente laxante natural, seja consumindo as frutas, seja fazendo uma infusão com as flores secas.

Da mesma família das ameixas e dos pêssegos, pode ser usado na culinária em qualquer preparado onde usaríamos ameixas, como em geléias e sucos por exemplo – desde que bem maduro.”

Em segundo lugar:

Na Espanha, em Navarra, é feito desde o século XIX, em escala comercial, um licor chamado Pacharán, que acabou por tornar-se um licor tradicional na região. Os registros mais antigos do consumo deste licor, no entanto, remontam à Idade Média. O nome é uma versão acastelhanada da palavra basca Patxaran que, por sua vez, deriva da palavra basaran, nome que é dado à fruta neste idioma. Mas os abrunhos utilizados para a preparação do licor são os mais ácidos, pois é a acidez da fruta que dá o sabor especial a este licor.

Ou seja: o facto de estar agora a segurar um copo, preenchido com um pouco desta deliciosa bebida caseira, só porque ainda consegui ir ao encontro de verdadeiros abrunhos, criados sem qualquer tipo de químico ou elemento tóxico, na zona de Vila de Rei, ainda que mais pequenos e pendurados numa árvore em que, infelizmente, parte dela tinha sido completamente devastada pelo calor desse mesmo incêndio, que acabou até por fazer com que, por exemplo, a Praia fluvial de Cardigos fosse evacuada devido à rápida aproximação das chamas, tal como foi noticiado aqui, toda esta associação de ideias na minha cabeça fez-me lembrar que temos de pensar em proteger, e a sério, o planeta em que vivemos, caso contrário, ou muito me engano, ou então, as próximas gerações, por mais que tentemos aniquilar os nossos mais profundos pensamentos, apenas sobreviverão!

Aliás, tal como se pode também ler aqui:

quando são apresentadas medidas como o pagamento de mais impostos para que se tenha um meio ambiente sustentável para as gerações futuras, menos de um terço dos inquiridos concordam (24,5%). A solução? 57,9% das pessoas acreditam que as gerações futuras devem aprender a viver com menos recursos.

Só sei que continuam a identificar-se somente grandes desequilíbrios entre gerações, mas para quando uma reflexão mais profunda e acerbada sobre o que é que nós queremos realmente para os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos?!

Bem, já chega destes meus pensamentos exacerbados e desta minha vontade enorme de mudar um pouco a «esfera» onde vivemos, ou não fosse eu também… professora de matemática!

Ora bem, pessoal… vamos à receita?

RECEITA DA CATEGORIA DE SOBREMESA: Licor Caseiro de Abrunhos

Ingredientes:

  • 750 g de abrunhos
  • 1 l de Licor de Anis
  • 2 paus de canela
  • 40 g de açúcar
  • 2 cravinhos

Confeção:

  1. Lavar os abrunhos, para depois serem colocados numa garrafa de boca larga;
  2. Encher a garrafa com o licor e acrescentar os restantes ingredientes;
  3. Fechar muito bem a garrafa, para logo a seguir ser guardada num local seco e escuro por 3 meses no mínimo, devendo agitar-se a mesma de vez em quando;
  4. Coar o licor de abrunhos, devendo ficar translúcido;
  5. Depois de pronto, servir bem frio como sobremesa.

(fonte: https://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/03/22/doces-abrunhos/)

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2 Comments

  1. Locacinoca 27 Janeiro 2020 at 21:40

    Rico texto. Manda-me um pouco de licor porque cá onde estou no momento não existem abrunhos.

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