A figura do “coelho” está simbolicamente relacionada com esta data, pois este animal representa a fertilidade por se reproduzir rapidamente e em grandes quantidades. Isto porque, numa época onde o índice de mortalidade era muito alto, a fertilidade era sinónimo de preservação da própria espécie, assim como de melhores condições de vida.
O Domingo de Ramos celebrou-se a 9 de abril, que sendo anterior ao Domingo de Páscoa marca o início da Semana Santa, em que se comemora a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, onde fora aclamado como o Filho de Deus por multidões com ramos de oliveira e palmeira; logo, neste dia, levam-se também ramos de oliveira para a missa a fim de serem benzidos, para além dos afilhados oferecerem flores ou ramos de oliveira aos seus padrinhos e madrinhas, que depois, no domingo seguinte, retribuirão o gesto com o “folar” da Páscoa.
A Sexta-Feira Santa acontece portanto hoje, sendo um feriado religioso relativo à data em que os cristãos lembram o julgamento, crucificação, morte e enterro de Jesus Cristo, através de diversos rituais religiosos. Por isso também é conhecida como Sexta-Feira da Paixão, sendo ao mesmo tempo a primeira sexta feira de lua cheia após o equinócio de Primavera no hemisfério norte, ou o equinócio de Outono, no hemisfério sul, celebrado a 21 de março.
Na noite de Sexta-Feira Santa, a Igreja realiza a Via Sacra, uma oração que tem como objetivo levar os cristãos a meditar, sendo a abstinência da carne uma das principais tradições dos católicos praticantes, dizendo respeito ao sacrifício de Cristo na cruz.
No Norte de Portugal, por exemplo, come-se o folar doce e o folar gordo (que corresponde ao folar de carnes); em Trás-os-Montes, predomina o folar de carne; entre o Douro e Minho e no Porto, há quem substitua o folar pelo pão-de-ló; na Região Centro, o mais comum é o folar doce.
Mas em qualquer uma das situações, a tradição do folar assenta sempre num ritual de dádiva, solidariedade e convívio!
«Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos.
Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.
No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo.
Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina. Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação.
Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.»
(outras fontes: https://www.calendarr.com/portugal/domingo-de-ramos/,