By Marco Schmidt [1] – Own work, CC BY-SA 2.5, Link Fruto de Solanum aethiopicum (“local de berinjela”), cultivado perto de Cascades de Karfiguela, Burkina Faso |
Esta foi uma das maneiras de iniciar a presente croniqueta. Outra poderia ser a relativa à experiência que tive quando fiz os “Berberes do Toubkal”, integrado numa caravana de caminheiros que, em 8 dias, percorreu 140 quilómetros nas montanhas do Atlas. O jovem guia era berbere mas expressava-se em bom francês. Ao comentar os ingredientes do almoço esqueci-me do termo “aubergine” e escapou-me “beringela”. Não houve problema pois o guia de imediato entendeu. Afinal a palavra portuguesa era igual à do seu idioma. Mas chega de conversa fiada!

A beringela, cujo nome científico é Solanum melongena, pertence à família das Solanaceae e ao contrário de outras solanáceas conhecidas, como o tomate, a batata e o pimento, não proveio das américas. É originária da Índia e entrou na Europa trazida pelos árabes no século XIII. Os europeus, a princípio, olharam-na com desconfiança. Como se sabe, todas as solanáceas possuem elementos tóxicos e algumas são mesmo mortais. Os italianos chamaram-lhe “melanzana” que significa maçã malquista, mas pouco a pouco, após muitas hibridações, das centenas de variedades espontâneas, logrou-se alcançar espécies comestíveis com baixo teor em solaninae solasonina (as tais substâncias tóxicas) e o consumo da beringela como alimento, popularizou-se.

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By Horticulturalist RJ – Own work, CC BY-SA 4.0, Link Produção de berinjela em 2013 por país |
Os maiores produtores mundiais são a China e a Índia com 85% das quantidades obtidas em todo o mundo. Na Europa, com exceção da Itália e da Espanha, a sua produção e consumo são ainda incipientes. Em Portugal era praticamente desconhecida há meio século. Ainda me lembro bem quando vi beringelas pela primeira vez.



Miguel Boieiro