Em continuação do texto publicado anteriormente aqui, venho então apresentar a si, meu caro leitor deste Blog, a minha receita escolhida para o “Bolo de Bolacha”!

Mas antes gostaria só de referir alguns aspetos acerca da sua história!

Para começar, o Bolo de Bolacha é um bolo que não vai ao forno, consistindo apenas em Bolachas Maria dispostas em camadas, que, entretanto, foram embebidas em café, intercalando-se tudo com creme de manteiga.

Em segundo lugar, já todos nós sabemos o quanto é que este bolo é popular nas mesas dos lares e restaurantes portugueses, tendo até sido chamado, pelos estrangeiros, de portuguese biscuit cake.

E voltando à questão acerca da origem das tais Bolachas Maria, sabe-se que o chocolate biscuit cake é o bolo preferido da Rainha Isabel II de Inglaterra, bem como do seu caro neto William, que chegou mesmo a escolhê-lo como o seu bolo de noivo (a noiva tinha outro), na verdade muito semelhante ao nosso “salame de chocolate”, tal como se pode ler aqui.

Já agora, também se pode ler aqui que, as intituladas Bolachas Maria foram, por exemplo, muito populares em Espanha, durante o final da Segunda Guerra Mundial. Isto porque, perante o enorme esforço em produzir pão suficiente para a nação espanhola, tendo o trigo sido cultivado intensivamente, deu-se por sua vez origem à produção dessas famosas bolachas, que hoje representam cerca de 40% dos biscoitos mais vendidos na Espanha!

E ainda de acordo com o mesmo link, enumerem-se agora alguns dos bolos similares ao tradicional Bolo de Bolacha português:

  • Na França, as pessoas desfrutam de um bolo que alterna camadas de manteiga mergulhada em ganache de café e chocolate. Este bolo não tem nome oficial, mas muitos de nós ainda nos lembramos, acompanhado por um copo de leite como um presente para depois da escola.
  • Na Itália, o tiramisu consiste em camadas alternadas de joaninhas embebidas em café expresso e creme de mascarpone.
  • Na Islândia, Vínarterta é um bolo de camadas preparado com camadas de biscoitos recheados com ganache de chocolate. Sua particularidade é que ele contém aveia em sua massa.
  • Na Áustria e Hungria, você pode encontrar Esterházy torta! Este bolo foi criado no final do século XIX pelos chefs de pastelaria de Budapeste como uma homenagem ao príncipe Paulo III Anton Esterhazy de Galanthe (1786-1866), diplomata do Império Austro-Húngaro. No entanto, existem variantes diferentes! Na Áustria, este bolo é um bolo de camadas que consiste em camadas de macarons de amêndoa e creme de manteiga com sabor de licor de café ou amaretto. Na Hungria, as amêndoas são substituídas por nozes no macaron. O creme de manteiga também tem sabor, geralmente com licor Kahlua, um licor com sabor de café.
  • Na Rússia, o bolo medovik é obrigatório! Suas camadas ultra finas de bolo contêm mel, geleia de leite alternada ( sgouchonka ) e creme de leite russo rico ( smetana ) entre as camadas. Como no bolo de bolacha, os biscoitos triturados são espalhados no topo do bolo como decoração.
  • Na Baviera, o bolo de camada local é chamado Prinzregententorte. É composto por camadas de biscoitos e creme de manteiga de chocolate. Sua particularidade: geléia de damasco entre as duas últimas camadas e uma cobertura de chocolate espelhada. O Prinzregententorte originalmente apresentava 8 camadas, e cada camada representava um dos 8 distritos da Baviera. Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado da Renânia Palatinado foi excluído da Baviera pelo governo militar dos EUA. Desde então, o bolo incluiu 7 camadas de biscoitos.
  • Nos Estados Unidos, esses bolos sem cobertura são muito populares e alguns são conhecidos como bolos de geladeira. Eles vêm em todas as variedades: bolo de caixa de gelo com especiarias de abóbora, bolo de geladeira s’mores, etc.
  • Na Malásia, você pode saborear o bolo batik ( kek batik ), um bolo de biscoitos que não alterna entre camadas de biscoitos e creme de manteiga de chocolate. Este bolo é muito popular durante o Natal e o Eid el Ftair ( Ramadã ).

Para finalizar esta introdução histórica de hoje, e voltando ao artigo escrito aqui, apresentem-se abaixo mais alguns aspetos curiosos, envolvendo digamos que a «evolução» da própria receita do Bolo de Bolacha ao longo do tempo:

A popular revista Tele Culinária e Doçaria, com direção do famoso chefe Silva, que veio a lume em outubro de 1976, apresentou a sua primeira versão de bolo de bolacha no número 298, a 21 de fevereiro de 1983, numa receita enviada por uma leitora de Ponta Delgada, Açores, embora não figure café na sua elaboração, mas chocolate. A segunda entrada far-se-á em 1986, no número Especial de São Martinho, embora uma vez mais difira do bolo de bolacha que melhor conhecemos, na medida em que incorpora as bolachas trituradas ao creme de manteiga, açúcar e café. Seria apenas no número 707, já na década de noventa (número Especial setembro 92), que finalmente apareceria a receita já famosa à época e há muito amplamente utilizada em vários lares.

Numa outra revista de culinária, a igualmente famosa mas mais antiga Banquete (1960-1974), sob a chancela do Gás Cidla e com direção de Maria Emília Cancella de Abreu, poderia estar então a chave da origem do nosso bolo.

Efetivamente, no número 76 (junho de 1966), deparamo-nos com um certame especial: o 1.º Concurso de Doçaria da Casa do Pessoal da Cidla. E – surpresa das surpresas! – a concorrente número sete consegue o terceiro lugar ao nível de sabor (também havia a categoria “aspeto”) com o seu bolo de bolacha, em tudo igual à receita clássica, digamos, deste doce. A receita de bolo de bolacha ainda haveria de surgir uma vez mais na mesma revista, embora com uma variante (acrescentando uma calda de chocolate em detrimento das amêndoas laminadas, no número 87). Teria sido então Maria Adelaide Bernardo a criadora do nosso singular bolo? Ainda por cima, tratando-se de um concurso culinário, a que a premissa “invenção” poderia não ser naturalmente alheia?

A resposta é não. A senhora acima referida limitara-se a seguir uma receita já existente. Com efeito, pouco tempo depois de O Livro de Pantagruel ter sido editado em 1945 pela Editorial O Século – fruto da hercúlea recolha de receitas por Bertha Rosa Limpo –, a Editorial Lavores (criada por Laura Santos no mesmo ano do famoso livro), iniciou a extremamente bem-sucedida publicação de fascículos dedicados à culinária, com a coleção “O Mestre Cozinheiro”. Estes seriam coligidos mais tarde, ainda durante a década de cinquenta, em sucessivas edições de um volumoso livro com o mesmo título e que se prolongariam nas décadas seguintes.”

RECEITA DA CATEGORIA DE SOBREMESA: Bolo de Bolacha

Ingredientes:

  • 250g de manteiga à temperatura ambiente
  • 250g de açúcar em pó
  • Bolachas “Maria” q. b. (ver receita caseira aqui)
  • 2 gemas
  • 2 cápsulas de café “Coração” KAFFA açucarado (ver loja online aqui)

Confeção:

  1. Preparar o café, deixando-o arrefecer.
  2. Bater a manteiga até obter uma textura macia.
  3. Adicionar o açúcar, pouco a pouco, nunca deixando de bater.
  4. Envolver tudo muito bem e acrescentar uma gema de cada vez.
  5. Bater até obter um creme fofo.
  6. Passar a bolacha pelo café, já arrefecido, e intercalar o creme de manteiga com as bolachas, até que os ingredientes acabem.
  7. Finalizar com a camada de creme, polvilhada com bolacha ralada.
  8. Levar ao frigorífico durante algumas horas e servir bem fresco junta-me com café “Coração” KAFFA.

(fonte: https://ncultura.pt/bolo-com-bolacha-maria-3-receitas/)

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