Desta vez, vou anunciar algo novo no meu Blogue Cozinha Com Rosto: a inclusão de alguns textos da autoria de Miguel Boieiro, em continuação do tema “PLANTAS PARA CURAR E PARA COMER“, publicado aqui no passado dia 4 de dezembro de 2017!
Faça-se recordar que, Miguel Boieiro, sendo autor dos livros “Plantas para curar e para comer” e “As plantas, nossas irmãs“, bem como de vários artigos sobre botânica, viagens e administração local, para além do facto de ser formado em Contabilidade e Administração, e de já ter sido Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, da Assembleia Municipal de Alcochete e da Assembleia municipal do Seixal, exerce atualmente o cargo de Diretor na Sociedade Portuguesa de Naturalogia (SPN).

De facto, tal como se pode ler logo ao início do Prefácio do seu livro “Plantas para curar e para comer“, o cozinheiro faz medicina sem o saber (Nicholas Culpeper), donde a curiosidade e a vontade de saber mais sobre o nosso próprio desenvolvimento físico, emocional, mental e espiritual, através do Naturismo, me levou recentemente ao facto de também me tornar sócia da mesma, podendo usufruir-se por exemplo de:
– Almoçar no refeitório vegetariano;
– Participar em várias actividades como: yoga, relaxamento e meditação, chi kung, mentalismo, pintura, introdução ao Esperanto, iniciação ao Latim, entre muitas outras;
– Consultar a Biblioteca dedicada a temas como: naturismo, vegetarianismo, terapias naturais, saúde, auto-cura, alimentação e nutrição, forma física, agricultura e jardinagem, filosofia, psicologia e sociologia.
– Consultas de homeopatia, de naturopatia, de saúde integral e ortomolecular, de astrologia;
– Massagens: shiatsu, terapêutica, drenagem linfática, desportiva, relaxamento muscular, ayurvédica;
– Terapias naturais: reflexologia, acupunctura, cura quântica;
– Passeios pedestres e passeios culturais;
– Conferências, palestras e tertúlias.
Desta forma, vamos então dar início ao primeiro texto desta série, agradecendo, desde já, a Miguel Boieiro, toda a atenção e a amabilidade com que fui recebida na dignificada instituição SPN, contando já com 105 anos de história, mas também por permitir-me partilhar convosco, um pouco dos seus vastos conhecimentos, numa área em que ainda há tanto por descobrir!
Por Patrice78500 – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, Hiperligação
Neste âmbito, despertou enorme interesse o “showcooking” dirigido pelo “Chef” António Sequeira com demonstrações culinárias e respetivas degustações (talvez o mais cativante para quem busca experiências de novos sabores) efetuadas com plantas halófitas das salinas. A este escriba foi solicitado que, na véspera, colhesse folhas de salgadeiras, salicórnias, sarcocórnias, gramatas e inulas, o que foi efetuado com prazer para que tudo corresse a contento. Refira-se que as citadas plantas são todas elas edíveis, embora ainda não estejam integradas na gastronomia portuguesa tradicional. Apenas a salicórnia começa agora a ser popularizada como produto “gourmet” (Ver alusão no meu livro “Plantas para Curar e para Comer”).
Aproveitamos a ocasião para investigar sobre as propriedades gustativas da inula com que o “Chef” preparou um acepipe de camarinhas (pequenos camarões). A inula marítima, para além de ser uma planta salgada, tem sabor forte e característico o que confere identidade própria a qualquer prato.
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Campana-da-praia (Inula crithmoides) em frutificação.
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Campana-da-praia (Inula crithmoides) em floração.
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A inula não suporta a sombra, adorando o calor. Prefere solos ligeiramente ácidos, formando tufos e pode ser encontrada em orlas de sapais, muros de salinas, esteiros e mesmo em esporões rochosos e arribas litorais, como recentemente vimos em Peniche, a caminho do Cabo Carvoeiro.
Dos compêndios consultados apenas encontrámos menção da Inula crithmoides em “Elementos da Flora Aromática” de Aloísio Fernandes Costa, edição de 1975 da Junta de Investigações Científicas do Ultramar, referindo que “por destilação das folhas se separa uma essência da qual predominam, particularmente, hidrocarbonetos”. A mesma obra regista ainda outras duas inulas com essências, nomeadamente a viscosa e a graveolens.
Por Karelj – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, Hiperligação
Quanto à nossa inula marítima há a destacar, para além das suas essências ainda não devidamente estudadas, o teor em cloreto de sódio e quiçá em cloreto de potássio, sendo portanto ideal para temperos em substituição do sal-das-cozinhas e, desta forma, aconselhada para quem sofre de hipertensão. As folhas jovens podem ser consumidas cruas, cozidas, em picles e como condimento.
Avançando nas minhas experimentações, procedi à secagem da planta em forno solar e pulverizei as respetivas folhas que casam bem com saladas e cozinhados. E eis assim como se pode aproveitar mais um recurso disponível e gratuito (por enquanto) no nosso País, cuja utilização enriquece os preparados culinários e beneficia a nossa saúde.
Por Karelj – Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, Hiperligação
Miguel Boieiro