Não gosto de acordar ao som horripilante do despertador, mas gosto, assim que me levanto, de abrir logo a janela do meu quarto, para deixar entrar a luz do sol, pois é assim que eu desperto!
Ai como eu gosto de ouvir o assobio dos pássaros, faz-me imaginar voar mais alto, por entre montanhas e vales encantados, sem quaisquer medos ou preconceitos, faz-me sentir livre!
Mas não gosto nada, detesto mesmo, sentir o cheiro daquele cigarro, quase tóxico, quando um dos vizinhos, do meu prédio, se aproxima da varanda para fumar. Por isso, olho para o meu relógio, sempre colocado no pulso esquerdo, e… decido sair!
E como nos encontramos em pleno mês de julho, dirijo-me até a uma das praias mais próximas e concorridas por quem mora por Lisboa: Carcavelos.
Ai como eu gosto de caminhar descalça pela areia ainda molhada, até parece que me fazem cócegas nos pés!
Afinal, ainda é cedo… por isso é que só algumas pessoas arriscam a dar um mergulho, apesar da quase inexistência de ondas.
gosto de sentir a maresia em cada face do meu rosto, que a água deste enorme manto azul rejuvenesce-me…
Era como se, por ironia do destino, a minha querida Pantufa estivesse aqui comigo outra vez… isso é que era correr e saltar de todas as formas e feitios, perante quaisquer gaivotas que tentassem aproximar-se!
Minha pobre caniche, anã de raça pura, de pêlo branco e encaracolado, sempre muito ativa e fiel à sua dona, mas também muito sensível e ciumenta, para além de ser bastante inteligente…
Já agora, não gosto de ver ninguém a deitar lixo para o chão, sem qualquer vergonha ou tipo de arrependimento, considerando eu isso uma enorme falta de respeito e de civismo para com o que é de todos, não acham?
Mais tarde, sento-me numa esplanada e tomo o meu café matinal. São servidos?
Gosto de ler, gosto de escrever, escrevo muito, muito até, inspirando-me na calma das horas vagas, ora observando os outros, ora interpelando os meus próprios sentidos. Afinal, quem sou eu e para onde vou: uma questão deveras existencial!
Aliás, não gosto nada de viver à pressa, embalsamada pelo tempo e pelo espaço que nos rodeia, rodando sem parar, centrada sobre mim mesma, ou então sobre um eixo que nos atrai violentamente contra os próprios precipícios dos outros!