Tendo em conta que ontem foi o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, instituído pela UNESCO em 1995, já que foi a 23 de abril de 1616 que faleceu Miguel de Cervantes e a 23 de abril de 1899 que nasceu Vladimir Nabokov, na continuação do texto imediatamente antes publicado, em tempos de comemoração do importante marco do que foi, para Portugal e os portugueses, a Revolução dos Cravos no dia 25 de abril de 1974, hoje decidi trazer-vos aqui duas grandes sugestões de livros que eu já li e recomendo

Em primeiro lugar, tendo em conta a imagem acima, recorde-se então, entre as páginas 266 e 277 contidas no livro “À mesa com a história” do autor Manuel Guimarães, editora Colares, como foi de facto a vida de António de Oliveira Salazar, promotor do então Estado Novo entre 1933 e 1974, tendo como ponte de partida o tão conhecido ditado popular:

Diz-me o que comes, dir-te-ei quem és.
Homem discreto e reservado, que nunca fez qualquer dieta alimentar, tendo tido durante toda a sua vida uma só uma constipação e uma só broncopneumonia. Nunca pediu conselhos a ninguém e comia de tudo o que gostava, sempre segundo o olhar atento e discreto da sua governanta, cujo orçamento que lhe fazia chegar nunca podia ultrapassar da quarta parte do seu salário! 
Na maior parte das vezes, comia um só prato principal, alternando a carne com o peixe, e raramente acrescentava algum doce à sua refeição, apesar da sua preferência ser o pudim francês. Apreciava castanha-de-ovos, mas não café. 
Do Minho enviavam-lhe as primeiras lampreias e salmões pescados em cada ano; de Vila Real de Santo António vinham as laranjas; do Linhó chegavam as primeiras alfaces. Também pedia para que lhe enviassem alheiras de Mirandela, assim como diversos enchidos alentejanos. Nunca entrou num restaurante para comer, preferindo levar consigo em viagem algum tipo de farnel preparado meticulosamente pela sua governanta.

António de Oliveira Salazar nasceu, portanto, na zona de Beira Alta em 1889, tendo estudado no Seminário de Viseu, para depois passar para a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Era um homem solteiro e solitário. A governanta era a Maria de Jesus que substituíra uma cozinheira que usava um fogareiro de petróleo. Ele habitou na Rua de Bernardo Lima, já depois de ter vivido em duas casas alugadas em Lisboa, mas em 1937, por razões de segurança, mudou-se para o Palácio de S. Bento. Raramente tinha convidados, mas os banquetes oficiais eram sempre dispostos na sala grande, cujo serviço era prestado pelo pessoal do Aviz Hotel, incluindo-se o próprio cozinheiro João Ribeiro!

Salazar detestava leite, mas adorava degustar queijos frescos de Tomar. Por outro lado, também era exigente com o “mise en scéne” em cada refeição, em que apesar de elogiar cada prato de comida, também apontava, se necessário, cada defeito, adorando ainda calcular tudo em escudos! Uma das suas irmãs chegava mesmo a dizer que:

“come pouco, prefere o peixe à carne, a fruta aos doces, os legumes aos ovos
 
O final de cada mês de abril era sempre passado em festa: entrou para o governo no dia 27 de abril e nasceu a 28 do mesmo mês. 
Ele detestava souflé ou qualquer outro tipo de cozinha elaborada, talvez devido ao facto de ter herdado uma quinta dos pais em Santa Comba Dão, donde recebia regularmente hortaliças, azeitonas, broa, pimentos, abóbora, figos e cerejas. Mas Maria de Jesus conseguiu instalar, com o devido consentimento do Presidente, dentro dos próprios jardins de S. Bento, uma capoeira e até várias hortas, apesar de ter de ser tudo “às escondidas”!

Acrescente-se ainda, que a sua governanta guardava consigo muitos livros de cozinha, fazendo de Salazar a sua “vítima”!

Ele comia sopa a todas as refeições: caldo verde, sopa de nabiças ou sopa de cebola. Maria de Jesus também costumava confecionar uma canja de ossos de perú e outra com as espinhas e barbatanas de bacalhau. E para além da torta de bacalhau desfiado ou do bacalhau à Salazar e do esparregado, o Presidente apreciava certas iguarias tipicamente portuguesas, tais como as sardinhas fritas com salada de feijão-frade ou com pimentos assados, nomeadamente na altura do verão, bem como o bacalhau assado com batatas a murro ou os bolinhos de bacalhau. Para finalizar, ainda havia a ginjinha caseira!

Em segundo lugar, de acordo com a imagem acima, por que não experimentarem a adquirir o livro “Enquanto Salazar dormia…” da editora Casal das Letras, pois tal como o próprio autor Domingos Amaral, nascido em 12 de outubro de 1967, afirma:

A vida é aquilo de que nos recordamos, ou seja, as grandes histórias que vivemos.

E se hoje falamos tanto acerca da chegada à Europa de milhares de migrantes e refugiados de barco – na sua maioria oriundos da Síria, Iraque e Afeganistão – tendo, sem dúvida, levantado imensas preocupações sobre aquela que já é considerada a maior crise migratória que assola a Europa desde a Segunda Guerra Mundial, nomeadamente a propósito das várias situações de terrorismo que cada vez mais faz “tremer” cada um de nós, por que não recordar também Lisboa no ano de 1941, em que fora um autêntico oásis de tranquilidade num ambiente fustigado pelos horrores dessa época, em que refugiados chegavam aos milhares ao nosso país, enchendo-se Portugal de milionários e atrizes, judeus e espiões, em que Salazar permitia, mas vigiava tudo à distância!

Boas leituras, ficando à espera dos vossos comentários acerca destes ou de outros livros!

(fontes: http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-08-29-Migrantes-ou-refugiados–A-distincao-e-importante-porque-as-palavras-importam-,

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