Quem é que não gosta de pão cheiroso e crepitante, a sair do forno e a exalar um tentador e inconfundível aroma a quente?!

Recordemos, assim, a nossa mais tenra infância e aquele apetite voraz enquanto não dávamos a primeira dentada numa daquelas fatias que a nossa mãe preparava… criava-se até uma terrível tentação dentro de nós, olhando para aquela fatia de pão a ser loucamente barrada de manteiga…

Afinal de contas, o pão, alimento fundamental da nossa dieta mediterrânica e gastronomia tradicional, podia ser servido, ora simples, ora acompanhado de manteiga, queijo, fiambre, bem como de azeite. O mesmo podia ser ainda servido torrado ou frito, em sopas de leite, confecionado em açorda ou em migas, ou seja, o pão de outrora era aproveitado até à última migalha, nem que fosse pelas galinhas ou pelos coelhos, na vida árdua dos campos.

Voltemos então aos tempos antigos em que se fazia um pão genuíno, em que se utilizavam as farinhas provenientes dos grãos de milho, trigo e centeio cultivados nos campos em redor da aldeia e que tinham sido ali mesmo ao lado moídos em algum moinho de vento, de água ou até movido a tração animal…

Um pão, digamos que, amassado com a força dos braços, mas repleto de sabedoria e de amor pelo que se faz… um pão cozido em fornos de lenha, esta por sua vez apanhada nas florestas que rodeavam a população, em que o pão até ficava com a casca mais dura, permitindo ainda preservar o miolo tenro por vários dias…

E os “Moinhos Vivos de Palmela” têm sido, assim, um autêntico símbolo da vila de Palmela, com quase 250 anos de história e tradições situados na Serra do Louro inserida no Parque Natural da Arrábida, onde se podem visitar dois moinhos de vento, mas também aprender a fazer o pão à moda antiga, com o recurso ao forno de lenha da padaria!

Nesta medida, venho por este meio convidar-vos a participarem no meu primeiro Evento, que irá realizar-se, e com muito gosto, em colaboração com Pedro Lima, o atual detentor do projeto Moinhos Vivos de Palmela, que é alguém que nunca baixou os braços e que sempre esteve ligado aos moinhos e ao pão que se fazia antigamente na Serra do Louro, sendo o seu objetivo principal: ensinar sobretudo as gerações mais novas de onde é que vem afinal o cereal e como é que se faz o pão!

Basta inscreverem-se, enviando o vosso nome e contacto de telemóvel para o email moinhosvivospalmela@gmail.com, para depois ser só necessário apontarem, na vossa agenda, a data de 29 de setembro de 2019, bem como o horário entre as 9h30m e as 11h!

É que, para além de incluir uma visita guiada ao Moinho de Vento, ainda terão a oportunidade de fazer o vosso próprio pão, bem como de ouvir falar acerca de algumas “Histórias do Pão”!

Não esqueçamos que a história do pão pode ser analisada sob o ponto de vista do desenvolvimento da própria consciência da Humanidade!

Neste sentido, as grandes civilizações antigas (egípcia, grega e romana), tiveram, neste alimento, um centro do seu desenvolvimento. Durante a Idade Média foi, por vezes, o único alimento dos povos; desde a Revolução Francesa até à Iª Guerra Mundial, também assumiu diferentes papéis (económicos, políticos e ideológicos).

Importa então salientar o cultivo e algumas características dos cereais utilizados, algumas técnicas de moagem e o processo de cozedura.

Por último, ainda existe o significado simbólico do pão, como a sexualidade e a fecundidade, a religião e as tradições populares ou os mitos e conhecimentos mais ou menos científicos.

Afinal de contas, o pão é um dos alimentos mais importantes como fonte de energia para o nosso organismo, ainda que se deva variar de pão, de forma a conseguirmos beneficiar da riqueza nutricional de vários cereais, proporcionando quantidades apreciáveis de proteínas, minerais e vitaminas.

E por que não terem ainda o devido acesso a algumas receitas a ver com o pão?

Preparados? 

«Condutava-se o pão conforme as posses. Ao pobre alegrava-o a azeitona e a falca de toucinho da salgadeira, a outros sorriam a linguiça e o paio e o queijo de ovelha ou de cabra.»

(Joaquim Pulga: In “Alentejanando – Estórias e Sabores”)

(fonte: http://www.minhaterra.pt/IMG/pdf/jornalpl46.pdf)

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