O tão aclamado Mercado do Livramento, por sua vez situado na Avenida Luísa Todi em Setúbal, já tem mais de 140 anos de histórias para nos contar, para além do facto de ficarmos desde logo rodeados de intensos sabores e sensações únicas capazes de nos fazerem direcionar através dos vários corredores existentes em busca dos paladares mais audazes…

Entretanto, podemos também distrair-nos com os vários painéis de azulejos expostos numa das suas paredes laterais, retratando pequenos pedaços da vida quotidiana setubalense, bem como com algumas obras de arte ao longo do corredor central, mais propriamente esculturas de Augusto Cid, desta vez alusivas a profissões ligadas aos mercados!

E assim têm ocorrido diversos tipos de remodelações ao longo dos anos, com o objetivo sério de modernizar todo o espaço, ao mesmo tempo que se procura inovar e melhorar as respetivas condições de trabalho e bem-estar dos que por lá vão passando.

A caminho de beneficiar de profundas obras que vão modernizar aquele espaço de acordo com as exigências dos tempos modernos, a importância do Mercado do Livramento remonta ao século XIX, quando população e comerciantes exigiram a melhoria das condições de venda.

O comércio era feito em barracas espalhadas pelas ruas da então vila de Setúbal, em particular das praças da Ribeira Velha e do Sapal (hoje, Praça de Bocage), o que gerava protestos contra o cheiro nauseabundo a peixe, a falta de higiene e as áreas exíguas de venda.

A 31 de Julho de 1876, o presidente da Câmara Municipal, António Rodrigues Manito, cortava a fita do novíssimo Mercado do Livramento, assim baptizado por ter sido construído sobre a ribeira com o mesmo nome.

O antigo edifício, de 80 metros de comprimento e 52 de largura, que albergou 44 mesas, das quais 24 em pedra, sucumbiu perante o ritmo da Revolução Industrial, tendo o espaço sido demolido em 1927 por se encontrar obsoleto e incapaz de satisfazer as necessidades da população.

Nova fita foi cortada três anos depois, a 10 de Julho de 1930, no mesmo local onde o antigo Mercado do Livramento já havia criado afinidades junto da população.
Renasce, então, o mercado, agora em Arte Deco, muito em voga na época, com três hangares, com colunas em ferro fundido, orientados de Norte para Sul.

No espaço interior, as paredes estão revestidas com vários painéis de azulejos com cenários alusivos a paisagens e a actividades económicas típicas do concelho.
De 1929 datam as obras “Descarga das Redes”, “Transporte de Sal”, “Reparação das Redes”, “Recolha do Sal”, “Descarga da Sardinha”, “Salga do Peixe”, “Setúbal – Vista Geral” e “Colheita da Azeitona”.
Os painéis “A Vindima”, “O Antigo Mercado”, “Lavra e Sementeira” e “Rega do Pomar” foram colocados em 1930, enquanto as restantes imagens da cidade, do campo e do Sado são de 1940.

E caminhe-se agora em direção aos melhores produtos regionais e arredores, entre terça a domingo, entre as 7h30 e as 14h00, e observe-se com a máxima atenção para a mais sublime variedade de peixes, moluscos e mariscos, para além dos habituais produtos hortícolas, ervas aromáticas, vinho, mel, pão, doçaria regional e até algum género de artesanato.

Aí se vêm abastecer alguns dos melhores restaurantes de Setúbal, Lisboa e Cascais e muitos conhecedores locais. Dizem os que o frequentam que há espécies de peixe que só podem ser encontradas aí. Mas a notoriedade nacional tornou-se mundial depois de os críticos gastronómicos do jornal americano USA Today, terem incluído o Mercado do Livramento, em Setúbal, entre os melhores do mundo, lado a lado com o de Tóquio ou o de Brooklyn.

Acrescente-se ainda que existem outros tipos de serviços à disposição do público dentro do mesmo edifício: floristas, ervanária, garrafeira, restauração e bebidas, cabeleireiro, imobiliária, artigos para pesca e artigos de plástico.

Já agora, se conseguir ir acompanhado de alguma criança, terá ainda a oportunidade de promover nela a simples curiosidade para experimentar novas frutas ou legumes, por exemplo, bem como de explicar-lhe a verdadeira origem dos mesmos com o auxílio dos próprios produtores ou seus representantes, logo uma ótima oportunidade para também ficar a conhecer ótimos frescos, apesar de correr o risco por vir a tornar-se no seu local preferido para ir às compras!

Vamos a isso?

 
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